quinta-feira, 19 de junho de 2008

LINGUAGENS



A prosopopéia e a linguagem
Dois corpos na areia da praia
Areia da praia varrida pelo vento e pelo mar
Ondas chispadas de sal
Ondas de areia e de vento ao longo
Palavras que resistem à água
A vara e a areia
A alma e o confinamento
A pele e as cicatrizes de letras
O poema e a areia
O mar e o pensamento
A soltura do infinito velado
Linguagens que não são linguagens
Palavras que não são palavras
Quem irá lê-las?
Antes do trago da maré
Antes que os grãos se unam?
Quem irá transformar em linguagem o comunicado sem destino?
Dois corpos na areia da praia
A vara e os grãos
O silêncio e as ondas repetidas
A linguagem e a água que a leva
Sem destino, inerte e vazia.
(PF 21/06/1999)

quinta-feira, 5 de junho de 2008


Escrever é tatear as idéias com os dedos

Como nestas pinceladas digitais

É o esmero das palavras

Que surgem em borbotões sem sentido

Captam-se e revelam-se em sinais

Remete-me ao limiar da égide

Viagens sem par

Onde me sinto livre verdadeiramente

Único condutor de mim

Sem destino neste mar

Interminável odisséia

Viagens... viagens...

O que resta são sinais precisos

Do que dentro de mim

Ecoa como frases virgens

Este exercício me mantém calmo

Conciso em meu palmar

Pasmo de tantas luas a ver

Inquieto por mais e mais

22/09/1998 PF