quarta-feira, 30 de abril de 2008



Minha mente naufraga em delírios
Meus olhos se perdem no infinito
Ontem foi um dia chuvoso e belicoso
Daqueles de um cinzento não descrito

Vi a lua ancorada no alto
Ser engolida pelas nuvens viajantes
Senão, veria aqui embaixo as luzes
Os fogos e o pulsar de corações ululantes

Procurava o que não devia ter perdido
Atado pelo desejo de encontrar asilo
Em algo que teima a soluçar no peito
Como versos lançados em falso estribilho

Sentado, prostrado na soleira retilínea
Sentia a inércia admoestada de um silêncio
Que povoa esta cidade que não é minha
De rios palmeados, lenhosos de cio imenso

Nesta cidade sem outono e pouca primavera
Sabores coloridos, cumprimentos em língua morta
Encontro as esquinas, pedaços de quem eu era
Soprados pelo vento sudeste, ar de sanha sem porta

(Paulo Ferreira 15/05/2007 - publicado no O Bardo #6 - jun2007)