sábado, 12 de julho de 2008

FANZINES POMBALENSES SE ESPALHAM PELO PAÍS



A cena cultural alternativa de Ribeira do Pombal vem mostrando, a cada dia, que essa vicissitude é só uma questão de ponto de vista e está passando de exceção para regra. Desde a publicação do primeiro fanzine ( ZINE INDE) até os dias atuais, muitas outras publicações vêem surgindo, abordando os mais variados temas, levando informação e cultura não só para nossa cidade, mas para todo o país. Um fazine, impresso ou xerocopiado, excede as barreiras da distância e da diferença de culturas e de maneira simples e despojada se espalham por ai a despeito da velocidade da internet hoje em dia.
Publicações Pombalense, suas idéias, seus trabalho, crônicas, poemas e poesias são distribuído em todo o Brasil e também no exterior. O intercambio com diversas pessoas, das mais diferentes idades, condição social e cultura também é muito amplo frutífero. Materiais são requisitados para leitura e exposições de São Paulo, Rio de Janeiro ou Alagoas. De diversas bibliotecas públicas municipais. (Ceará, Piauí, Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul). Registro na Biblioteca Nacional e tudo mais. Temos publicações premiadas e reconhecidas e a disseminação de publicações alternativas em Pombal está apenas começando.
Veja alguns fanzines da cidade. Peça o seu e conheça a força das publicações alternativas:

ZiNE InDE – O Inde foi o primeiro fanzine da cidade. Sua primeira edição é datada de julho de 2004. Iniciou-se em formato ofício, depois recortes e colagens. Atualmente em formato A5, livreto com 28 páginas. O Inde aborda temas de cunho social, político, comportamento e arte. Mesmo sem uma periodicidade freqüente, continua na ativa. Encontra-se o último exemplar gratuito na Sorveteria Ki-delícia ou na Biblioteca Pública. E quem não é da cidade e tiver interesse peça pelo e-mail: zineinderp@bol.com.br e receberá pelos correios gratuitamente.


O PIRA – Desde fevereiro de 2005. Hoje são 12 edições publicadas. Adquira na Banca de Revista Opções ou entre em contato...

L.I.X.O – Infelizmente não mais deu continuidade e ficou com uma única só edição. Este tinha uma linha exclusivamente política. Editado pelo baterista da Malaco Velho, Junior, seu foco foi abordar as mazelas vigentes da sociedade.

O COLETIVO – Informativo libertário anarco-punk. O Coletivo publicou até o momento somente uma edição em 2005. Sua temática é contestação e disseminar informações subversivas. Alem de divulgar outros canais locais de informação. Para contatos Falar com Décio Filho pelo e-mail: defirock@bol.com.br

O BARDO – Fanzine poético literário que comenta clássicos da literatura e reverbera poesias, tanto bradas quanto brandas. Além de textos outros afins. Um potencial de letras e sentidos. Um zine que trata de obras e maestros das letras. Já foram 7 edições publicadas desde abril de 2005. Aos interessados, entrar em contato com Paulo Ferreira pelo e-mail: paulero@bol.com.br ou viste www.zineobardopombalense.blogspot.com e veja uma prévia. O site não substitui o material impresso

VOZES DA CIDADE – Esse surgiu após um trabalho grupal de exposição de artes plásticas e musicais através do CLAT. Editado pelo poeta Vinícios C. de Morais e por (irmã de Keite que não lembro o nome). O V.C. é um conjunto de poesia de alguns poetas locais em formato livreto A5. Pode-se encontrar através do e-mail toninhosanc@hotmail.com, entrar em contacto com Vinícios Costa.

O OBSERVADOR DOS DIAS – Na serena observação “introspectiva” do homem, destaca-se como tal, um trabalho alternativo na forma e com propósito poético-reflexivo no fundamento. O Observador dos dias pode ser interpretado como todo aquele que se submete a dar valor as coisas simples, verdadeiras e honestas, onde se preocupa em saber o que é o amor, sua proposta. Apreciar o nascer dos dias, o belo e inspirador mistério das noites. Observar as árvores, apreciar o canto dos pássaros, o homem e seus valores. Abordar o âmago da essência humana a tentar compreender do porquê de tantas maldades, enfim, faz parte dum observador dos dias, o que se pode entender como objetivo desse interessante trabalho. Até porque, compreender “o mundo humano” é ter mais um pouco de consciência da boa utilidade do homem na harmonia mútua e com o meio em que se vive. Apreciar a vida no seu ponto mais máximo e benévolo é de inquestionável prazer. O Observador publicou até então 5 edições. Para adquirir



A QUIMERA - nasceu da inquietação dos autores Kelly Souza e Adelton Oliveira em mostrar aos leitores dessa cidade e de outras, que pode se fazer algo pela cultura ao qual estamos inseridos. Seu nascimento veio da seguinte forma: - Certa vez escrevi um texto retratando a educação e a forma ao qual se procede a educação brasileira, e pensei em expor em algum instrumento de divulgação de nível global que me desse a oportunidade de mostrar o meu ponto de vista e a minha opinião referente a esse tema, mas, não vi a possibilidade de algum desses instrumentos abordar o provável tema devido a não sair da forma que eu desejasse então alguém me disse: “porque você mesma não faz o seu próprio fanzine, assim demonstra o seu ponto de vista, aborda temas reflexivos e questionadores, além de abrir espaço não só para o seu “eu” e sim para qualquer um que esteja com vontade de mostrar suas obras, sua arte, seus trabalhos?”. Então lembrei que um dia me disseram que a nossa liberdade não é dada, é nosso direito ao nascer. Mas, há momentos na história que ela deve ser conquistada, e foi através dessa idéia que que tive a ousadia de iniciar esse projeto. A Quimera, zine que surge com estética organizada, se é que existe organização propriamente dita para um fanzine, com temas contemporâneos, questionadores, reflexivos, abordando alternativas e possibilidades de se mostrar uma cultura mais diferenciada das dos “padrões normais”, mostrando o que se tem aqui em nossa cidade, além de refletir críticas, questionamentos dúvidas, certezas. O Zine pode ser encontrado na Sorveteiria K - Delícia, na Biblioteca Municipal de Ribeira do Pombal e através dos e-mails:aquimera2@yahoo.com.br; celinekel2@hotmail.com; adeltonoliveira@hotmail.com e através dos endereços: Avenida Ferreira Brito, 851 - Centro, Ribeira do Pombal - Ba e Rua Osvaldo Cruz, 1052 - Centro, CEP 48400-000, Ribeira do Pombal - Ba. Possa se dizer que esse “projeto” seja “Utópico”, mas, quem nessa vida nunca foi quimérico? Quem já não sonhou com algum “absurdo?”, quem já não viajou com seus pensamentos e imaginou algo abusivo e diferente? Não existe esse ser, e se existe, deve estar perdido no tempo e no espaço.

sexta-feira, 4 de julho de 2008



Geni E O Zepelin ( A CIDADE E SEU JARDIM)

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo - Mudei de idéia
- Quando vi nesta cidade
- Tanto horror e iniqüidade
- Resolvi tudo explodir
- Mas posso evitar o drama
- Se aquela formosa dama
- Esta noite me servir

Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
- e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

(Julinho da Adelaide)