Rostos grandes, de olhos esbugalhados
A respiração falhando na mão
Areia ao vento entre as linhas do tempo
e o corpo que pulsa compassadamente
E agora? Haja tempo
Haja fôlego no peito
Haja calo no pé, haja
Haja dias cintilando nas manhãs
A bruma que excita os seus dusis
e comem todas as folhas de outono
e fazem voar as almas insones
enquanto houver saudade
Suas orelhas agora estão sujas
flexíveis, abanam e balançam
O sereno frio que mantém os dias retos
aqueles, nos quais era chamado de louco
Que não haja tempo de ter motivo
de ouvir o som das folhas de outono
Embalo de mundo que cai das árvores
Sinfonia de pneus que as tocam lá na rua
(Paulo Ferreira p.1997 ver.18.07.07)
sexta-feira, 11 de abril de 2008
SEM TÍTULO – pub. no Bardo #07
“ENQUANTO OS SÁBIOS PENSAM EM CERTEZA, OS IDIOTAS ATACAM DE SURPRESA.”
1. Por conta de atividades correlatas não venho postando e a última edição do Bardo dada-se de fevereiro, mas sem essa de ter saído do ar por conta de uma tal de censura. Apenas mudei de endereço por outros motivos (rixa com o hospedeiro) e acrescentei zine ao endereço. Portando, estou no ar com postagens abertas para comentários, não anônimos é claro.
2. Realmente, as Leis da física não se pode controlar (o fluxo da água, da energia elétrica etc), mas a liberdade de expressão cessa na irresponsabilidade de alguns quando propagam boatos e baixarias, que agridem a imagem de quem quer que seja. Sacanagem. Essa de que a internet é lugar sem controle, que está fora do mundo e de suas leis e responsabilidades. Isso não existe. É apenas um meio novo de comunicação e ponto. Como a fumaça, o tambor, a carta, o telegráfo e o telefone. Um emissor e um receptor e a mensagem é de inteira responsabilidade de quem a emite. Se quer se comunicar, se vire e arque com a responsabilidade do que diz. A liberdade de expressão me permite dizer o que quiser, mas também me obriga a responder pelo o que digo. A internet, como qualquer meio, não permite que se diga o que não se pode provar. Fazê-lo anonimamente é no mínimo covardia. Aliás, ledo engano pensar que na internet tem alguma atividade anônima. (Em especial para a maioria dos usuários e alguns metidos a harckers e crackers). Que é algo sem controle, anárquica, orgânica BLA, BLA, BLA, BLA, BLA. Pelo contrário, é intrinsecamente ordinária, hierática e previsível. É protocolizada, etiquetada e comportada. Ainda é sectária economicamente e inacessível para muitos. Portanto, a internet não é nada democrática, nem muito menos plural.
3. O Bardo continua falando de TUDO, através da poesia e da literatura. Divulgando zines e publicações e JAMAIS substituindo as versões impressas, encaminhadas via correios pelo site na internet. As idéias lançadas no papel e distribuída por ai, para os amigos dessa vida continua.
4. Também acreditando que somente através da educação e da cultura melhoraremos a nossa condição.
Nossos governantes e autoridades não são alienígenas, vindos de outros planetas. São o que temos de “melhor”. São “os escolhidos” por nós, não se esqueçam.
SUBVERSIVA
(Ferreira Gullar)
A poesia
Quando chega
Não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos
Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha
Como puta
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.
E só depois
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.
E promete incendiar o país.
POEMA BRASILEIRO
(Ferreira Gullar)
No Piauí de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade
No Piauí
de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade
No Piauí
de cada 100 crianças
que nascem
78 morrem
antes
de completar
8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade
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